O CFESS no CBAS: diálogos, reflexões, uma agenda de compromissos, lutas e muita emoção

Conferências estão disponíveis no YouTube do CFESS

Imagem mostra a mesa de abertura do CBAS, com representantes da Enesso, Abepss, CFESS e CRESS-DF. No canto esquerdo, a intérprete de Libras.Entidades representativas compuseram a mesa de abertura (Fotos: Juliana Dourado e Rebecca Santos/estagiárias do CFESS sob supervisão)

O XVII Congresso Brasileiro de Assistentes Sociais (CBAS) terminou no dia 13/10, em edição especial, com transmissão on-line, permitindo a participação de pessoas inscritas e não inscritas, gratuitamente, no Brasil e em mais 19 países. “Foi um CBAS que entrou para a história, pela coragem de realizá-lo em um difícil contexto, entre os dias 11 e 13/10, no planalto central, com a ‘primavera nos dentes’, afirma a presidenta do CFESS, Elizabeth Borges.

Em 3 dias de atividades, com duas conferências magnas, 10 plenárias simultâneas, apresentação de 1241 trabalhos em formato de pôster eletrônico, lançamento de 67 livros editados entre 2020 e 2022, 4 painéis temáticos, assistentes sociais e estudantes puderam dialogar sobre temáticas variadas da atuação profissional e na defesa do Serviço Social e dos direitos sociais.

A gratuidade foi possível pelo formato escolhido, com financiamento público do CFESS, da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) e do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (Cnpq). Foram 12.606 inscrições e participação diária que variou de 5000 a 6500 pessoas. “Com isso, ele se inscreve, definitivamente, como um evento de natureza formativa, e marca pelo alcance de um maior número de pessoas, socializando o conhecimento, as experiências e democratizando a informação”, avalia a presidenta do CFESS.

A mesa de abertura foi composta por representantes das entidades organizadoras: Ariane Nunes, pela Enesso; Rodrigo Teixeira, pela Abepss; Karina Figueiredo, pelo CRESS-DF, representando os demais CRESS do Brasil, e Elizabeth Borges, representando a gestão do CFESS – Melhor ir à luta com raça e classe em defesa do Serviço Social. Quem também marcou presença, por meio de mensagem enviada, foi a presidenta da Associação Latino-Americana e Caribenha de Ensino e Pesquisa em Serviço Social (Alaeits – sigla em espanhol), Rita Molina. As falas iniciais expressaram e reafirmaram a adesão da categoria profissional às lutas pelas liberdades democráticas, à defesa de direitos, de políticas públicas e da proteção ao trabalho. Para Elizabeth Borges, apesar de diferenças e contradições, a categoria “se une no compromisso de contribuir para a construção de um mundo fraterno, justo e inclusivo”, dedicando o evento às/aos assistentes sociais vítimas da Covid-19.

Para caber no formato virtual, o XVII CBAS teve uma estrutura mais enxuta, sem perder na profundidade e qualidade dos debates. A primeira conferência magna abordou o tema central Crise do capital e exploração do trabalho em momento pandêmico: repercussões no Brasil e na América Latina, com as palestras das professoras doutoras Elaine Behring (UERJ), Raquel Raichelis (PUC-SP) e Cristiane Sabino (UFSC). Elas abordaram o significado da exploração do trabalho na América Latina e no Brasil, as desigualdades de classe, gênero e raça-etnia, o papel do Estado e do fundo público nesse contexto e suas destinações; a particularidade do Brasil e a determinação social da pandemia de Covid-19. Tudo isso relacionado às transformações do trabalho e das repercussões sobre a classe trabalhadora, especialmente, de assistentes sociais.

Conferência de abertura contou com as professoras Raquel Raichelis (esq.), Elaine Behring (ao centro) e Cristiane Sabino (esq.)

Assistentes sociais apresentam trabalhos e participam de plenárias simultâneas 

Nas plenárias simultâneas, palestrantes expuseram e debateram as temáticas que perpassam as diversas áreas do trabalho profissional, apresentando os desafios, explicando os fundamentos e análises da realidade e demandas para o trabalho profissional: produção de documentos, opinião técnica e estudos sociais; comunicação como direito; previdência social; Serviço Social na educação; povos indígenas e quilombolas; política de saúde; pessoas com deficiência e o anticapacitismo; violências de gênero e contra pessoas LGBTQIA+; formação e trabalho profissional; a luta pela terra, no campo e na cidade; comunicação e cultura.

O presidente da Abepss, Rodrigo Teixeira, destacou que os trabalhos apresentados e debates estarão disponibilizados nos anais do CBAS, bem como nas redes das entidades, para potencializar a formação profissional e a educação permanente, bem como ser fonte de consulta para a categoria, docentes e estudantes. E convidou para que a categoria não deixe de ouvir os comentários sobre os trabalhos apresentados, nos seguintes eixos: Trabalho, Questão Social e Serviço Social; Política Social e Serviço Social; Serviço social, Fundamentos, Formação e Trabalho Profissional; Movimentos Sociais e Serviço Social; Ética, Direitos Humanos e Serviço Social; Questões Agrária, Urbana, Ambiental e Serviço Social; Serviço Social, Relações De Exploração/Opressão De Gênero, Raça/Etnia, Geração e Sexualidades.

Houve ainda painéis que debateram sobre o resgate das lutas pela defesa do direito à assistência social, aos benefícios previdenciários e da formação em serviço com as residências multiprofissionais, que mostraram o engajamento de assistentes sociais e seu potencial organizativo. Na apresentação dos trabalhos, profissionais conhecem experiências e desafios, trazem dados de estudos, pesquisas e militância, num rico e denso material para novos estudos e intercâmbios na produção do conhecimento e sobre a realidade do trabalho institucional.

Encerramento com emoção e desafios para o Serviço Social

O XVII CBAS terminou com a conferência Desafios ético-políticos frente à precarização da vida, do trabalho e da formação profissional: a necessária agenda de lutas, com as palestras das professoras doutoras Silvana Mara de Morais (UFRN) e Ana Elisabete Mota (UFPE). As falas foram aguerridas e agitaram os chats dos links de transmissão, pois abordaram questões como a precarização da vida e do trabalho, para situar os desafios que a conjuntura impõe ao trabalho de assistentes sociais; trataram da necessária construção de uma contraofensiva, na direção de uma sociedade livre de exploração e de opressões; a agenda de luta da classe trabalhadora e as pautas profissionais, face às desigualdades sociais, raciais, sexuais. Demarcaram que é uma exigência ética a construção de estratégias que incidam no cotidiano das lutas travadas pelo conjunto da classe trabalhadora, em especial assistentes sociais, no enfrentamento das desigualdades e opressões.

Mesa traz a conferência com as professoras Silvana Mara à esquerda, a presidente do CFESS, Elizabeth Borges ao centro, e a professora Elisabete Mota à direita.

Palestra no último dia trouxe as professoras Silvana Mara (esq.) e Ana Elizabete Mota (à dir.)

Para a professora Ana Elizabete Mota, “não podemos falar para nós mesmas, é preciso combater os mecanismos que atravessam a cultura da crise, aprofundando o conhecimento das situações de vida e de trabalho em suas precariedades”. Complementou a professora Silvana Mara: “dados da realidade estão conjunturalmente postos, mas estruturalmente determinados e é preciso a apropriação dos fundamentos teórico-metodológicos, para uma produção crítica do conhecimento”. Para situar dos desafios, ela recuperou a agenda do Conjunto CFESS-CRESS, aprovada como compromisso com as lutas sociais e profissionais no último Encontro Nacional em Maceió (AL).

“Enfim, o CBAS cumpriu o que prometeu e correspondeu a seu legado histórico na densidade e direção política”, avalia a presidenta do CFESS, Elizabeth Borges. No encerramento, representantes das entidades nacionais – Kelly Melatti pelo CFESS, Rodrigo Teixeira, pela Abepss e Janaína Bossi, pela Enesso, destacaram os números do evento e o perfil de participantes, demarcando a grandiosidade e coragem do evento, haja vista os debates e posicionamentos ali expressos.

Para Kelly Melatti, conselheira do CFESS, o evento teve acerto, ao garantir a gratuidade das inscrições, o que possibilitou a participação de um maior número de pessoas. “Inspiradas na música ‘o que se cala’, de Elza Soares, neste CBAS usamos nossa voz para falar da realidade, do contexto de exploração do trabalho, para não esquecer da pandemia, para socializar nosso conhecimento: o que fazemos, como fazemos, onde fazemos, porque fazemos. Usamos nossa voz para reafirmar o compromisso com a seguridade social, com os direitos humanos, com a formação e o trabalho profissional de qualidade, com a luta das mulheres, dos povos indígenas e quilombolas, com o SUS, com o Suas, com a previdência social pública e com os princípios democráticos que defendemos. Que venha o próximo CBAS! ”, completou.

Imagem mostra a mesa de encerramento do CBAS, com o presidente da Abepss, Rodrigo Teixeira, a presidente do CFESS, Elizabeth Borges, a conselheira do CFESS Kelly Melatti e a estudante da Enesso, Janaína Bossi.

Mesa de encerramento com as entidades do Serviço Social trouxe estatísticas e uma síntese dos debates do evento

“O XVII CBAS transpirou crítica e esperança por dias melhores. A categoria demonstrou estar mobilizada para “avermelhar as ruas” e a reacender a práxis da resistência. A comissão organizadora se despede com um até breve!”, completa Elizabeth Borges.

Clique aqui para assistir às palestras, disponíveis no canal do CFESS no YouTube 

Confira mais imagens dos bastidores do XVII CBAS (fotos de Juliana Dourado e Rebecca Santos – estagiárias do CFESS sob supervisão):

Imagem mostra o auditório onde ocorreram as mesas principais do CBAS, com a equipe de apoio e câmeras, junto a pessoas sentadas assistindo.

Conferências magnas foram transmitidas de estúdio montado em Brasília (DF)

Imagem mostra uma câmera de filmagem e, na tela, a profissional intérprete de Libras no estúdio. O evento contou com recursos de acessibilidade, como legendas e interpretação em Libras

Imagem mostra um telão com a programação do CBAS e o tempo para início da mesa, no estúdio montado para a transmissão on-line.No estúdio, a equipe de apoio acompanhou as mesas, orientou palestrantes e coordenações em todos os momentos

Imagem mostra o estudante da Enesso Leonardo e a conselheira do CFESS Ruth no púlpito, no palco montado no estúdio, iniciando as atividades do CBAS.O representante da Enesso, Leonardo, e a conselheira do CFESS Ruth Bittencourt foram mestre e mestra de cerimônia, respectivamente, na abertura do evento

Conselho Federal de Serviço Social – CFESS

Gestão Melhor ir à luta com raça e classe em defesa do Serviço Social – 2020/2023
Comissão de Comunicação
Diogo Adjuto – JP/DF 7823
Assessoria de Comunicação
comunicacao@cfess.org.br

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