Mulheres trabalhadoras estão na luta por direitos: Conselho Pleno do CFESS debate desafios para o Serviço Social

Reunião, por meio virtual, recebe convidadas e planeja Campanha da Gestão

Card com fundo lilás e o título Pleno On-line traz imagens das convidadas que participaram dos debates, cada uma em um quadrado distinto. Conselho Pleno recebeu convidadas, para debates por meio virtual (arte: Rafael Werkema/CFESS)

A reunião do Conselho Pleno do CFESS, realizada entre 19 e 22 de agosto, começou com um debate que teve participação das assistentes sociais e professoras Telma Gurgel (Universidade Estadual do Rio Grande do Norte/Uern) e Juliana Melim (Universidade Federal do Espírito Santo/Ufes), para falar sobre as formas de enfrentamento das opressões e explorações que sofrem as mulheres na sociedade. Debater esse assunto é fundamental, em especial por se tratar de uma categoria profissional composta, em maioria, por mulheres.

A atividade ocorreu por meio virtual e tratou também de questões referentes às posições e ações dos movimentos feministas e de mulheres no Brasil e sua organização no contexto atual, com avanço do conservadorismo e retrocessos de direitos da população e, principalmente, das mulheres, haja vista casos recentes de repercussão nacional e internacional, como violência sexual contra meninas e adolescentes, feminicídios, preconceitos e tentativas de impedimento da realização de abortos legais e, ainda mais recente, o retorno ao poder do grupo extremista Talibã, no Afeganistão, que, como noticiado, tem violado direitos fundamentais das mulheres naquele país.

Algumas perguntas estão colocadas para o Serviço Social: o que o debate sobre o feminismo tem a ver com o Serviço Social? Qual a importância das organizações políticas de mulheres para as mulheres? Como as distintas formas de organizações políticas se relacionam com políticas públicas?

“Em 1979, nos colocamos como classe trabalhadora. Hoje, temos o desafio de nos colocar como mulheres da classe trabalhadora. O feminismo é uma forma de mudar o mundo, é resistência e luta contra a opressão das mulheres na sociedade, principalmente sobre as mulheres negras, indígenas e trans. Sabemos que só existimos em resistência”, afirma a professora Telma Gurgel.

Segundo ela, entender o processo de construção social das mulheres é importante para entender a necessidade da luta feminista e do Serviço Social no diálogo com mulheres. A professora explica que um dos aspectos desse processo foi a apreensão do significado da divisão sexual do trabalho. “Em nossa sociedade, vemosatividades consideradas específicas para homens e outras para mulheres, sendo que as ‘dos homens’ são mais valorizadas no mundo do trabalho. Somado a isso, há, atualmente, o avanço da pauta conservadora no Congresso Nacional, como a defesa da ‘família tradicional’, contra os direitos LGBTQIA+ e direitos da mulher, a exemplo dos direitos reprodutivos, o direito ao aborto”, observa Gurgel.

Diversidade para entender o assunto 

A professora da Ufes Juliana Melim ressaltou outro ponto importante: a diversidade de perspectivas no movimento feminista, citando como exemplos os debates do feminismo liberal, do feminismo radical, feminismo marxista, feminismo anarquista, dentre outros.

“Essa diferença tem rebatimento na vida prática, na construção da estratégia de enfrentamento das opressões a que estamos submetidas. No entanto, cabe enfatizar: se a opressão é comum a todas as mulheres, a exploração é comum somente às mulheres da classe trabalhadora. É como tal que nos identificamos, pois romper com a exploração é fundamental para avançarmos na nossa liberdade”, argumenta Juliana Melim.

Para a professora da Ufes, o Serviço Social está diretamente inserido neste debate. “Em nossa categoria, podemos verificar requisições indevidas e questões do mundo trabalho que atravessam a atuação profissional. Essas, muitas vezes se conectam, ainda hoje, à visão ultrapassada da profissão de caráter assistencialista e vinculada à caridade. É também por isso que temos a tarefa de combater a violência do machismo dentro e fora do Serviço Social”, completa Melim.

Campanha da Gestão e mais

O debate teve o intuito de subsidiar a construção da Campanha de Gestão do Conjunto CFESS-CRESS, que tem a previsão de lançamento para novembro deste ano. O tema aprovado na Plenária Nacional 2020 será “Mulheres: assistentes sociais contra o trabalho explorado, toda forma de opressão e em defesa da vida!”.

O Pleno do CFESS também abordou outros assuntos importantes (acesse aqui a pauta completa). Dentre estes, um destaque da reunião foi a participação da assistente social e professora da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), Tânia Diniz, representante do CFESS na direção da Federação Internacional de Assistentes Sociais (Fits/América Latina e Caribe), fazendo um balanço de sua representação neste espaço. De acordo com a professora, o CFESS é uma referência na região e pode pleitear a integração nas atividades das comissões que discutem a temática sobre povos indígenas e dos direitos humanos, visando a aportar contribuições efetivas na direção de adensar o debate.

Para a conselheira Beth Borges, o Conselho Pleno de agosto teve foco na preparação da Plenária Nacional (formato excepcional do Encontro Nacional CFESS-CRESS durante a pandemia) e nos posicionamentos da entidade quanto à defesa das liberdades democráticas, tendo decidido, inclusive, subscrever nota de repúdio da Associação dos Docentes da Universidade Federal de Mato Grosso (ADUFMAT) contra atos persecutórios à Profa. Lélica Lacerda/UFMT, por seus argumentos expressos em audiência pública na Câmara Municipal de Sinop (MT) – clique aqui para entender o assunto e ler a nota.

Confira aqui a pauta completa

Conselho Federal de Serviço Social – CFESS

Gestão Melhor ir à luta com raça e classe em defesa do Serviço Social – 2020/2023
Comissão de Comunicação
Diogo Adjuto – JP/DF 7823
Assessoria de Comunicação
comunicacao@cfess.org.br

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