Dia do/a Assistente Social – 2019

A escolha do tema:

A campanha do Dia do/a Assistente Social realizada pelo Conjunto CFESS-CRESS para a celebração do dia 15 de maio, objetiva dar visibilidade à profissão, as bandeiras de luta, ao projeto ético-político profissional.

O tema das comemorações é definido durante o Encontro Nacional CFESS-CRESS – órgão máximo de deliberações do conjunto, que no ano de 2018 aconteceu na cidade de Porto Alegre/RS entre os dias 06 e 09 de setembro. Após a realização da escolha do tema por parte dos/as participantes do evento, o CFESS fica responsável pela elaboração da arte, posteriormente a apresenta para os CRESS visando proporcionar a cada conselho o acompanhamento do material produzido.

A partir das ações e materiais da campanha relacionada ao Dia do/a Assistente Social é possível proporcionar a categoria profissional, o diálogo sobre a relação do Serviço Social com temas emergentes da sociedade. É momento para valorizar a profissão, o trabalho desempenhado pela categoria a partir do modelo de sociedade que queremos, perspectivando a defesa intransigente e a efetivação dos direitos humanos – sem mais contrarreformas.

Diante da desigualdade vivenciada por nós classe trabalhadora, a partir de perspectivas neoliberais de desmontes e contrarreformas das políticas públicas, a atual conjuntura vem convocando a categoria profissional para se posicionar e se manifestar frente as propostas governamentais de não acesso à direitos constitucionalmente adquiridos.

Neste sentido, a arte do Dia do/a Assistente Social apresenta-se com um tom de denúncia. “Se cortam direitos, quem é preta e pobre sente primeiro. A gente enfrenta o racismo no cotidiano!” é o mote da campanha referente ao 15 de maio de 2019.

 

O tema/mote da campanha:

Justifica-se a necessidade do diálogo embasado neste mote: “Se cortam direitos, quem é preta e pobre sente primeiro. A gente enfrenta o racismo no cotidiano!”, pois são as mulheres negras e pobres que historicamente mais sofrem as opressões estruturais, especificamente o racismo estrutural, o patriarcalismo, a opressão de classe, entre outros sistemas e ideologias discriminatórias.

A campanha coloca a mulher negra no centro do debate e dá visibilidade política no campo feminino. Diante da hierarquia de temas, uma vez que a população, majoritariamente vem sendo estudada de modo universal, rompemos com esta lógica e a mulher negra, base da pirâmide social torna-se prioridade para a categoria profissional.

Rompendo com a invisibilidade da mulher negra dentro da pauta do Serviço Social, quebramos o silêncio que impossibilita pensar a realidade dessas mulheres que são atendidas nos espaços socio-ocupacionais que atuamos enquanto profissionais. Este silêncio, esta ausência da pauta no âmbito da categoria profissional não denuncia, por exemplo, os dados do Mapa da Violência (2015) referente ao Homicídio de Mulheres no Brasil, o qual demonstra que no período de dez anos (2003-2013) o número de assassinato de mulheres negras teve um aumento de quase 55% (cinquenta e cinco por cento), enquanto o de mulheres brancas caiu 10% (dez por cento). Mulheres negras são as principais vítimas da violência obstétrica que mais morrem em decorrência da prática do aborto. Sendo assim, sublima-se a importância do olhar étnico-racial para as políticas públicas, principalmente a de enfrentamento a violência contra a mulher.

Mulheres negras são vítimas da opressão do Estado capitalista, são vistas como subordinadas, são colocadas em um local de subalternidade difícil de ser rompido, ultrapassado, ocupam uma posição muito árdua na sociedade de supremacia embranquecida.

As ações propostas por este Conselho, nos possibilita enxergar as especificidades da mulher negra e romper com a invisibilidade das suas realidades, a partir das apresentações propostas por cada profissional convidada e por meio das falas dos/as participantes em cada NUCRESS.

Para dar visibilidade a essas mulheres, o racismo de modo geral, convidamos a categoria de assistentes sociais a ter acesso aos materiais já produzidos relacionados a este tema (mesmo considerando a incipiência de publicações), para terem subsídios para dialogar nos seus espaços de trabalho com colegas e usuários, pois reafirmamos que o racismo a gente combate todos os dias.

Os eventos proporcionados no decorrer do mês de maio, dialogam diretamente com a campanha de Gestão do Conjunto CFESS/CRESS (2017-2020), reafirmando o compromisso da categoria com o tema, embasado no Código de Ética que prevê a defesa dos direitos da classe trabalhadora, a denúncia de todo tipo de opressão e exploração, empenho na eliminação de todas as formas de preconceito, incentivando o respeito à diversidade, à participação de grupos socialmente discriminados e à discussão das diferenças, a opção por um projeto profissional vinculado ao processo de construção de uma nova ordem societária, sem dominação, exploração de classe, etnia e gênero, reafirmamos: “Assistentes Sociais no Combate ao Racismo”.

Entremos nesta luta Assistentes Sociais, pois como salienta Djamila Ribeiro em seu livro “Quem tem medo do feminismo negro?” (2018) o país em que vivemos “foi o último do mundo a abolir a escravidão e no qual a população negra é acusada de violenta se denuncia o racismo. O país onde todos adoram samba e Carnaval, mas onde se mata mais negros no mundo. O brasileiro não é cordial. O brasileiro é racista.”

Flávia de Brito Souza Garcia – Conselheira do CRESS 12a Região

Comissão de Comunicação

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